A história do Rohit, nosso indiano, delicadamente contada pela jornalista Shirley Pacelli, de O Tempo
Dia desses, topei com uma frase de Will Coleman que dizia mais ou menos assim:
"Vejo a oportunidade de alimentar pessoas como uma oportunidade de contar a elas quem eu sou".
Nada pode ser mais verdadeiro do que isso. Quando cozinhamos, entregamos muito mais do que comida e seus ingredientes. Entregamos histórias, memórias, técnicas aprendidas ao longo da vida, referências visuais na composição dos rótulos e motivações das mais diferentes naturezas.
Por isso que sempre digo que me entristece quando vejo uma marca dizer que as pessoas deveriam consumir seus produtos porque eles são gostosos. Poxa, isso é o mínimo que se espera. É mais ou menos como dizer que a chuva é molhada e "cai pra baixo". Quando oferecemos nossos produtos a uma nova loja parceira, a uma pessoa que passa no nosso stand em um evento ou que entra na nossa loja online, fazemos questão de oferecer mais do que isso. Queremos que a pessoa entenda o que há dentro de cada pote, que decisões foram necessárias para que aquele produto tivesse a composição que tem, para que ele serve e a motivação que nos levou à criação e ao lançamento dele. Claro que nem todo mundo tem tempo ou interesse em saber, mas meu papel como contadora de histórias é jogar as palavras ao vento ou ao cyber-espaço, com a expectativa de que alguém, algum dia, as leia.
Os primeiros produtos da Coleção Lapalap, lançada em plena pandemia de covid-19, foram os cinco molhos prontos para preparo de curry(simmer sauces). Eles foram uma forma inovadora de entregar sabores tradicionais da Índia, dos quais o Rohit tanto sentia falta. E, ao observarmos a reação de amigos que, experimentando os pratos em nossa casa, se encantavam com os sabores, começamos a pensar que poderíamos produtizar as receitas tradicionais.
A gente fez questão, na época, de fazer um rótulo que comunicasse que se tratava de uma coleção inspirada no país de origem do Rohit que, na época, mal arranhava as primeiras palavras em Português.
Mas foi quando a pandemia começou a arrefecer que participamos de uma reunião com um grupo maior de amigos e apresentamos um novo produto, que era uma conserva de cebola. A ideia era que ela serviria para acompanhar refeições e carnes, por isso foi um pouco repugnante quando um deles colocou a conserva no cream cheese sobre batata chips. Jamais pensaria nisso e, ao experimentar, me surpreendi por tão gostoso que ficou. Pronto: se até então a gente estava enxergando os produtos em seus usos tradicionais, tal qual ocorre na Índia, esse nosso amigo (Bruno) fez a gente enxergar totalmente fora da caixa e aumentou exponencialmente as combinações possíveis.
Lançamos mais dois chutneys e quatro conservas, um atrás do outro e chegamos a uma coleção de 11 formulações inspiradas em cozinha indiana. As vendas triplicaram de 2021 para 2022, muito em virtude do fim das restrições da pandemia de covid-19 e retorno aos eventos. E, depois de participar de muitas feiras e ouvir feedback de compradores de todo o Brasil, chegamos à conclusão que aquele rótulo com cara de Índia não fazia mais tanto sentido. Afinal, nossas receitas tradicionais indianas caíram no gosto do brasileiro e passaram a ser usadas com pizza, bruschetta, shawarma, macarrão, acarajé e até sushi!
E, então, em 2023, mudamos a comunicação visual do produto, para que ficasse mais internacional e mais contemporâneo.
A esta altura, o Rohit já está falando Português muito bem e acabou virando assunto de uma reportagem muito emocionante no Jornal O Tempo, escrita pela jornalista Shirley Pacelli. Confira como ficou e entenda por que cada pote de Lapalap tem um pouco de saudade clicando aqui. A matéria ficou linda e teve uma imensa repercussão nas nossas redes sociais e também no perfil oficial do jornal O Tempo.
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